domingo, 25 de março de 2012

Como identificar a pessoa de cada signo




O último signo do zodíaco mistura uma pitada de cada um dos onze anteriores - a infantilidade de áries, a sensualidade de touro, a suscetibilidade de câncer, a maleabilidade de gêmeos, a magnanimidade do leão, a acuidade de virgem, o mimetismo de libra, a sagacidade do escorpião, a benevolência de sagitário, uma certa reserva própria de capricórnio e uma tendência a desligar típica de aquário. Com tantos atributos contraditórios somados numa só pessoa, o peixes só poderia ser o que é: um tímido.

Nem um replicante conseguiria exprimir essa coisa toda, e o peixes desiste de se fazer entender antes mesmo de começar, refugiando-se no mais seguro mundo da fantasia, onde toda (aparente) incongruência é bem-vinda. Um peixes introspectivo, portanto, é praticamente um pleonasmo. Ele prefere comunicar-se com aquele olhar vago e enternecedor, seguido de gestos doces e delicados, completados por um único comentário extremamente sensível - mas, quem diria, surpreendentemente na mosca. Peixes, como escorpião, é um signo que saca tudo de cara - uma espécie de detector de mentiras ambulante, o que provavelmente contribui para acentuar seu ar melancólico. Ao contrário do escorpião, porém, que saca e corta a bola imediatamente, os piscianos vacilam na hora de reagir. Um peixes pode intuir que o camarada ao lado é um perfeito patife, mas nada, em seu sistema imunológico, o leva a proteger-se adequadamente. Talvez porque, ao contrário de escorpião, peixes enxergue sob a superfície de todo patife um ser tão desprotegido quanto ele e o restante da humanidade. Ou porque, no fundo, não se abale muito com as patifarias alheias.

Peixes é o símbolo do cristianismo, e sua palavra de ordem é transcender. Não deixa de ser uma boa política: já que as barbaridades que sua intuição constantemente pesca por aí não tem muito jeito nem conserto, ele prefere fechar os olhos e passar batido. A única ressalva é que esta política de resistência passiva às vezes só funciona entre os acólitos do sr.Ghandi, e não com o taxista que o rouba na corrida, o sócio que o rouba no escritório e o melhor amigo que lhe roubou a mulher. Como a natureza poética de peixes, contudo, lhe permite sublimar a vontade, estas bobagens do dia-a-dia não o atingem muito. Ele pode se safar da condição de vítima pintando, compondo ou pondo em versos toda esta chateação. Com seu talento natural, terá uma carreira arrasadora. No ramo da fantasia, peixes será sempre o melhor. 

[in FB: Signos SA]

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