Coisas da psiquiatra

- Hoje faço anos

- Quantos anos fazes?
- Faço 27

- E o bolo?
- Tiraram-mo

- O teu marido?
- Morreu

- O camião?
- Avariou?

Enfim, quando a vida não corre bem, tem destas coisas... ;)

Coisas da psiquiatria

Acho piada a discursos redondos, tais como: "É que realmente... é mesmo realmente!" (by I.I.). Que se há-de fazer!

Há quase 6 anos que trabalho neste serviço e ainda consigo achar piada a tudo, dar (mesmo) gargalhadas  com as coisas que estas senhoras me dizem. Neste caso, não foi uma doente, mas já estamos tão influenciadas por elas que tudo é possível! TUDO mesmo! ;)

Gosto muito do que faço e, acima de tudo, divirto-me muito (com todo o respeito) com o que faço. Todos os dias acontecem coisas diferentes, todos os dias ouço coisas diferentes, todos os dias vejo coisas diferentes e, quando acho que jamais me conseguirei surpreender com nada, eis que... voltam surpreender-me!

O que ocorrerá amanhã e depois? É sempre uma incógnita :p

***

Sem saúde mental não há saude

Alguns dos mais significativos nomes da música portuguesa são os autores das músicas lançadas na campanha alusiva aos temas que a ENCONTRAR+SE propôs, e representam aspectos relacionados ao estigma que devem ser substituídos. Os temas são apresentados através de duas palavras (ou atitudes...) antagónicas, uma negativa e uma positiva, contrastando desta forma aspectos errados, preconceituosos e estigmatizantes, com informação correcta, positiva e construtiva, no sentido de alertar para a necessidade de mudança na forma como a doença mental ainda é encarada.

E hoje é o dia da saúde mental, o dia em que não devemos esquecer que...

...Sem saúde mental não há saúde!

É a saúde mental que abre aos cidadãos as portas da realização intelectual e emocional, bem como da integração na escola, no trabalho e na sociedade. É ela que contribui para a prosperidade, solidariedade e justiça social das nossas sociedades. Em contrapartida, a doença mental impõe múltiplos custos, perdas e sobrecargas aos cidadãos e aos sistemas sociais (Livro Verde, Comissão das Comunidades Europeias, 2005).

A doença mental é uma realidade para a qual existe tratamento

Um estudo (Alonso et al., 2007) realizado em seis países europeus veio demonstrar que:
- 3,1% (6,6 milhões) dos adultos têm necessidade de cuidados de saúde mental, os quais não são respondidos.
- A utilização dos serviços de saúde é muito maior no caso de doenças físicas crónicas (ex. artrite, reumatismo, diabetes), comparativamente aos problemas de saúde mental.
- Quase metade dos participantes do estudo (48%) afirmou não ter nenhum médico/ técnico de saúde mental. No entanto, apenas 8% das pessoas com diabetes revelaram não ter ajuda para o seu problema de saúde física.

A doença mental é uma realidade para a qual existe tratamento

Estima-se que mais de 27% dos europeus adultos vivem pelo menos uma forma de doença mental durante um determinado ano (Comissão das Comunidades Europeias, 2005).
Na União Europeia, as formas mais comuns de doença mental são as perturbações da ansiedade e a depressão.

A doença mental é uma realidade para a qual existe tratamento

A estigmatização, a discriminação e o desrespeito dos direitos do Homem e da dignidade da pessoa doente ou diminuída mental continua a ser uma realidade que se opõe aos valores europeus fundamentais (Livro Verde, Comissão das Comunidades Europeias, 2005).
A discriminação de pessoas com doença mental prejudica a sua recuperação.

A doença mental é uma realidade para a qual existe tratamento

A doença mental atinge um em cada quatro cidadãos e pode conduzir ao suicídio. Hoje em dia, suicidam-se na União Europeia cerca de 58.000 pessoas por ano, o que ultrapassa o número anual de vítimas mortais de acidentes de viação, homicídio ou HIV/SIDA (Livro Verde, Comissão das Comunidades Europeias, 2005).
Aceitar e não ter vergonha de procurar ajuda são os primeiros passos para aprender a viver com uma doença mental.

A doença mental é uma realidade para a qual existe tratamento

As doenças mentais devem ser encaradas como doenças comuns para as quais existe tratamento. A negação da doença e o isolamento só trazem mais complicações à saúde mental das pessoas, bem como à sua recuperação. É muito importante estar atento aos sintomas e diagnosticar a doença o mais cedo possível.
Existe tratamento para a doença mental. A procura de ajuda é fundamental.

A doença mental é uma realidade para a qual existe tratamento

As pessoas com doença mental devem ser consideradas e tratadas como qualquer outra pessoa. O estigma e a discriminação provêm da falta de informação, do medo do desconhecido e de mitos que foram sendo associados às pessoas que sofrem de problemas desta natureza. Combater o estigma e a discriminação é fundamental para o seu tratamento e recuperação.
As doenças mentais devem ser encaradas como doenças comuns para as quais existe tratamento. A negação da doença e o isolamento só trazem mais complicações à saúde mental das pessoas, bem como à sua recuperação. É muito importante estar atento aos sintomas e diagnosticar a doença o mais cedo possível.
Existe tratamento para a doença mental. A procura de ajuda é fundamental.

A doença mental é uma realidade para a qual existe tratamento

Em Portugal:
-17% da população sofre de doença mental, sendo que destes apenas 1,7% tem acesso aos serviços públicos especializados de saúde mental.
-Das pessoas que tentaram marcar uma consulta de psiquiatria, cerca de 60% encontrou dificuldades ou mesmo impossibilidade de conseguir a marcação.
-O internamento continua a consumir a maioria dos recursos (83%).

A doença mental é uma realidade para a qual existe tratamento

A esquizofrenia é uma doença que atinge todas as culturas e classes socioeconómicas, estando a sua prevalência estimada em cerca de 1% da população mundial (OMS,2002). Inserida no grupo das psicoses, constitui uma das doenças mentais mais graves que tende a aparecer na juventude (ou início da vida adulta) e que evolui, na maioria dos casos, para a cronicidade.

A doença mental é uma realidade para a qual existe tratamento

Prevê-se que, no ano 2020, a DEPRESSÃO seja a primeira causa de morbilidade nos países desenvolvidos. A depressão é uma doença comum e tem tratamento (Livro Verde, Comissão das Comunidades Europeias, 2005).

A doença mental é uma realidade para a qual existe tratamento

Em Portugal, as perturbações de ansiedade constituem uma das perturbações psiquiátricas mais frequentes, afectando 16,5% da população.

Diz NÃO ao estigma e à discriminação porque... 1 em cada 5 pessoas sofre de uma doença mental

A campanha anti-estigma/pró-saúde mental (UPA 08) promovida pela ENCONTRAR+SE que deu origem ao Movimento UPA - Unidos Para Ajudar, cujo mote é “Levanta-te contra a discriminação das doenças mentais”, surgiu em 2007; completando em 2011 quatro anos de existência.

Este projecto teve a duração de 1 ano durante o qual foram realizados 13 filmes, foram feitos 13 cartazes e foram lançadas 10 músicas; conseguidos graças ao empenho e articulação entre os demais parceiros que contribuíram na concepção e implementação do projecto (mais dados sobre o Movimento UPA08 em http://www.encontrarse.pt/Default.aspx?Tag=CONTENT&ContentId=2218).

A campanha envolveu duas fases, tendo decorrido entre 10 de Outubro de 2007 e Novembro de 2008. O lançamento do Movimento UPA decorreu no âmbito das Comemorações do Dia Mundial da Saúde Mental/1º Aniversário da ENCONTRAR+SE.

Coisas da psiquiatria

"Tou a falar por ligação interna com a D. Irene" (by E.C.)

Monólogos da psiquiatria

Após a simples pergunta: "Hoje foi à aula de ginástica?"

A resposta:

"Não porque o professor disse que não havia ginástica hoje, ele viu-me no bar e veio ter comigo para dizer que não havia. Até ja tinha vestido o fato de treino mas depois fui tirar outra vez e vesti esta saia. Sabe? Esta saia é muito bonita e vai ser outra vez moda, vai ver que para o ano é caríssima, esta saia vai ser muito cara mas eu ja tenho uma...

Há trinta e tal anos que me dói a cabeça e comecei a tomar um analgésico que há anos que não faz efeito! Eu sei que não estou a ser bem medicada... nem anti-inflamatórios, nem relaxantes, nem nada... e eu tomo tanta porcaria. Eu devo estar a precisar de mais medicação das glândulas.

Sra enfermeira quer que lhe traga uma água fresca??

Humm...

Ah! Já me lembro o que ia dizer: sabe que eu ontem à tarde... aquelas senhoras que andam com as batas amarelas?! Mas a que eu encontrei, já encontrei há muitos anos e trabalhava para mim. E ela é que dizia o que a doente tomava no Centro de Saúde. Mas isto, há três anos porque eu adoeci e ela gosta muito de mim.

E a sra enfermeira sabe... porque quando eu estava cansada da minha mãe, ela dava-me qualquer coisa para o meu estado de saúde porque eu passava as noites com a minha mãe e a sra R. M. era a diretora. Também trabalhava no hospital de dia... e de noite também para curar o marido que tinha tido uma trombose. E a minha mãe tinha que ter cuidado com os diabetes que eram hereditários...

Bem, voltando ao assunto, essa senhora esteve a dizer-me que eu era muito inteligente, tenho muitas capacidades... Andamos a dar uma volta pelas unidades, eu e a doutora, aquela forte dos serviços... para me pôr calma sem remédios... a secretaria, não é a secretaria, mas é outro nome, mas pela secretaria a sra já memoriza. Tem lá uma doutora que é assim muito forte... comparada connosco, não tem nada a ver! Ela deve ter problemas porque vai ao bar e só toma um cafezinho.

Eu vou descansar um bocadinho, acha bem sra enfermeira? Eu descansar um bocadinho? Penso que os meus problemas como a sra sabe... Aaah!!"

***

E saiu!